Tânger, porta de entrada para o Continente Africano para aqueles que vêm da Espanha, foi também o nosso ponto de partida nessa magnífica experiência em Marrocos.
O Aeroporto e as primeiras impressões
No Aeroporto de Tânger, também conhecido por Tangier-Boukhalef, uma imagem que nos acompanharia por toda a viagem, a do Rei Mohammed VI. O líder amado de (quase) todos os marroquinos está no poder há 12 anos, sucedeu seu pai, o rei Hassan II, o mesmo que mandou construir a exuberante Mesquita de Casablanca, com a colaboração dos seguidores de Maomé.
Curiosidade: O Aeroporto também é chamado por Ibn Battuta porque é o nome de um famoso marroquino, viajante e explorador bérbere, que conheceu diversos países e locais, percorrendo cerca 46 mil km durante sua vida!!!!
Do aeroporto para Cite de Tangier – como ir?
De táxi.
A tabela exposta no aeroporto dá uma estimativa do custo até a Tanger Ville (centro da cidade) de 100 dihrans. Ao embarcar negociei um preço fechado de 150 dihrans (15 euros) até nosso Dar (pousada) que ficava dentro da Medina.
A cidade se modernizando. Viva o Rei!
A cidade estava toda em reformas, segundo o taxista, o Rei estava modernizando Tanger.
O motorista nos deixou do lado de fora da Medina (área amuralhada onde fica a parte antiga da cidade) e imediatamente já fomos abordados por uma criatura que fazia questão absoluta de nos levar até o nosso Dar. Cansados, após uma noite mal dormida no avião, aceitamos a “gentileza”.
Depois de acomodados, saímos para dar um rolê. Para a nossa surpresa, a criatura estava do lado de fora nos aguardando para mostrar o Casbá (tipo de fortificação) e nos encaminhar a um restaurante. Não adiantou rogar para que não nos acompanhasse, nos levou a um local onde degustamos um trivial menu marroquino.
A foto acima é só da entrada: uma sopinha de legumes e esse “pastel” com cobertura de canela, um misto de doce e salgado, com um recheio que não consegui identificar.
Acredite se quiser, mas quem nos esperava do lado de fora? A criatura!
Nessa altura do campeonato, demos algumas moedas para ele, que não se contentou e continuou insistindo em ser nosso guia local. Desesperadamente entrei em uma loja e desabafei com o dono: “O que faço para ele ir embora?”. O proprietário do estabelecimento me respondeu: “não sei da história entre vocês (como se tivéssemos tido um caso, kkkk) e o que foi combinado”. Em resumo: meu marido deu mais algumas moedas à criatura, que não ficou satisfeita e ainda nos pediu mais. Só depois disso nos deixou em paz. Ufa!
Depois do ocorrido que relatei, desistimos de conhecer o Casbá (dizem que tem a melhor vista de Tanger). Não vacilamos mais em aceitar “gentilezas” e tivemos a primeira lição sobre o modus operanti marroquino.
Lição#1: se você aceitar que alguém te acompanhe por alguns metros, assume-se que você “contratou” o serviço do “guia”. Então prepare-se para a cobrança separando já algumas moedas.
Sobre a nossa hospedagem- o Dar Jameel
Abstraindo essa experiência nefasta inicial, a parte boa começou a preponderar e nos encantar!
O nosso Dar era encantador, aliás, como todos onde estivemos. A decoração árabe me deixou em um estado sublime, algo surreal, entrei em êxtase. Como iria suportar aquela belezura toda?
É comum, ao chegar na hospedagem, lhe mostrarem os terraços, de onde normalmente se avista toda a área.
Do mesmo modo que no Brasil oferecemos o cafézinho a um visitante, lá eles oferecem o thé a la mente (chá de menta). Adorei!
O dono da nossa pousada era um inglês que trocou Londres por Tânger. Mais tarde descobri que muitos europeus compraram essas construções antigas, por baixos preços, e as transformaram em pousadas.
Perambulando pela medina e observando os costumes islâmicos.
Na mesquita da medina uma cena recorrente em Marrocos: a retirada dos sapatos antes de entrar para as orações.
Homens entram por uma porta, mulheres por outra. Lá dentro, elas oram atrás deles, segundo nos explicaram, para que os homens não se distraiam durante a reza.
Esse senhor da foto veste um traje típico chamado de Djellaba. Foi introduzido pelos gregos e fenícios, primeiros colonizadores da região. As cores escolhidas podem indicar o estado civil da pessoa, normalmente o marrom escuro é utilizado pelos solteiros.
Os arcos em forma de ferradura, sobre as portas e portões, também denominados de arcos outrepassé, seriam também um visual constante nesse país.
A Petit Socco oficialmente Place Souq ad-Dakhil, já foi um área de tráfico de drogas e prostituição. Atualmente é uma ótima parada para turistas.
Nos mercados e feiras dois frutos típicos marroquinos: tâmaras secas e azeitonas.
Os pães são vendidos expostos nas ruas. Para aqueles mais preocupados com a higiene, existem boas padarias também.
La Ville Nouvelle
Fora das paredes da Medina está a Ville Nouvelle, a parte mais nova construída pelos colonizadores.
A Grande Socco ou Praça 9 de abril de 1947, se situa nessa região. Nas proximidades fica também a Grande Mesquita.
No dia seguinte à nossa chegada, o nosso guia/motorista Omar, estava nos aguardando para irmos para Chefchaouen. Antes demos uma passadinha no Cabo Espartel e na Gruta de Hércules. Dois lugares sensacionais na região!
Não tivemos tempo de ir, mas não deixe de conhecer o Casbá de Tanger, o Café Hafa e a Igreja de Santo André.Fica a dica!
Gruta de Hércules
Reza a lenda que o nome Tânger foi uma homenagem à deusa Tinge, amante de Hércules, que com seu esforço hercúleo separou a Europa da África para formar o Estreito de Gilbratar. Após o feito, o herói foi descansar em uma gruta – A Gruta de Hércules.
No interior da gruta, por uma moldura de rocha chamada de “O mapa de África”, se avista o mar. Acredita-se que tenha sido feita pelos Fenícios.
A entrada na gruta é paga, bem como, um guia local. Nada muito caro, acho que foram uns 100 dihrans ou 10 euros (visita+guia).
Dromedários combinam com praia?
No caminho para o Cabo Espartel, avistamos os primeiros dromedários da nossa jornada. Os drome-babies são muito fôfos e se quiser uma fofura de foto como lembrança, lembre-se de deixar uns trocados, ok? Lição#2. Paradinha, fotinhos e moedinhas (rs).
Cabo Espartel
É uma elevação de cerca de 110 m na entrada do Estreito de Gilbratar. Fica a 12 km de Tânger, próxima à Gruta de Hércules. A vista do Farol é belíssima!
Matisse em Tânger
Dentre os muitos artistas que passaram por Tânger está o famoso impressionista francês Henri Matisse. A cidade era o “paraíso do pintor”.
Inspirado pela cor e harmonia da arte de Marrocos, produziu várias telas e esboços durante suas visitas à cidade marroquina.
Na foto acima com toda a minha bagagem, uma mala de mão com rodinhas e uma mochila. Vestindo uma das duas calças jeans que levei, o único par de tênis, o agasalho mais quente (só levei dois) e camiseta.
De Tânger seguimos para Chefchaouen, a pérola azul do Marrocos.
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