21 de agosto
Cheguei em Palmas de madrugada. Pela aterrisagem poderia apostar que o piloto era “recém – formado”. Durante o voo cogitei ser a última viagem da minha vida pelos movimentos um tanto bruscos de sobes e desces: turbulências não diagnosticadas.
O táxi demorou uns 20 minutos para fazer o trajeto Aeroporto Brigadeiro Lysias Rodrigues até a minha hospedagem na cidade: o Ibis JK. Foi tempo suficiente para conversar com o motorista e sentir a vibe desse outro país dentro do continente brasilis ( pra mim o Brasil é um continente e cada estado um país).
Palmas – a base
Como de costume, na minha cartilha slow travel, o primeiro dia é dedicado a flanar ou seja, andar sem rumo , sem avidez pelos pontos turísticos e assim foi. Mas Palmas não foi projetada para andarilhos! Faixas para pedestres são raras, a cidade é espalhada e chega-se a poucos lugares a pé. Glória aos aplicativos de transporte 🙏🏻.
O calor é amenizado pelas brisas, mas o bom senso me fez reforçar a proteção solar e adquiri um protetor e repelente em spray no Shopping Capim Dourado, considerado o melhor ( de dois, o outro é o Palmas Shopping), segundo extensa pesquisa que realizei por aqui (duas ou três conversas).
A cidade tem apenas 33 anos e foi a última projetada no Brasil! Foi construída nos moldes de Brasília. Avenidas largas com os “queijinhos” ( rotatórias ). Ao invés das Asas tem os planos diretor Sul e Norte.
22 e 23 de agosto
No segundo dia o café de manhã foi no próprio hotel. Desisti de procurar padarias por perto. Apesar de estar teoricamente no centro da cidade não havia um lugar onde pudesse consumir um pão na chapa com capuccino, pelo menos não encontrei.
Nesse dia fiz uma visita guiada no Palácio do Araguaia pela manhã, à tarde fui a Praia da Graciosa de onde saem as lanchas para Ilha da Canela. São nesses pontos turísticos que se cruza com aqueles que foram ou estão indo para o Jalapão e que, muito provavelmente, encontrarei novamente durante os passeios.
Em Palmas, de andarilha contumaz me tornei uma uber friendly por imposição climática: muita seca, calor e vento, condições ideais para virar uva-passa.
Esse foi um dia de intensa sociabilização.
Conheci casal 70+ viajando de motorhome pelo Brasil, casal que adora ficar mudando de hotel no mesmo lugar ( hotel tour 🥴), amigas desde sempre com quem tive papo gostoso e fluido ao por do sol e gente chata também que me conta a vida inteira sem eu ter perguntado 🙃.
24 de agosto
O terceiro dia em Palmas foi para relaxar sem horários e programas pré – definidos já que no dia seguinte começava a expedição ao Jalapão.
A expedição
O roteiro que escolhi foi o de sete dias com a agência do @indiojalapao.
A criatura queria algo completo, tipo “quem tá na chuva é pra se molhar”. Tem roteiros mais curtos para os mais sensatos😅.
Pelo que havia escutado sobre as distâncias e condições das estradas fui plenamente consciente do que me esperava: horas dentro do carro e muitos km em estradas de terra. Acho que dos 1000km rodados, uns 900 foram em terrenos arenosos, esburacados – sensação de como é a vida dentro do liquidificador.
O que me surpreendeu foram as pousadas, muito melhores do que esperava. A de Taquarussu, quase cinematográfica, as demais, também achei bem legais.
Na pousada de Ponte Alta houveram dois episódios não muito legais (companhia aracnídea no quarto e chuveiro desregulado) que foram compensados pelo ceviche de castanha do jantar- MDS o que era aquilo!
Um dos dos pontos altos do roteiro e o mais ( ou único) hard- foram as trilhas no Cânion Encantado- na parte da manhã fomos para duas cachoeiras a das Capivaras e do Portal com trechos ainda um tanto roots, mas já estavam fazendo melhorias
Na Pousada de Mateiros tinha um bolinho de mandioca quente no café da manhã maravilhoso😋- acho que era a única hóspede.
Algo muito importante 🚨( salva essa dica dos deuses) – agora é baixa temporada ( agosto). Peguei zero de filas para os fervedouros e em alguns fiquei sozinha!
Imagina vc rodar horas na estrada e ainda ter que esperar horas para entrar em algo que tem tempo definido pra ficar ( julho é assim). Jesuis 🙃
Jalapão independente
De todas as maneiras possíveis e imagináveis tentei um esquema para ir ao Jalapão por conta.
Pensei até em alugar um 4×4 no aeroporto, usar algum aplicativo de localização e pronto. Pronto ? Que nada!
Ainda bem que não cometi esse ato.
Primeiro que dirigir um 4×4 é pra quem sabe como usar as marchas. Além disso, tem todas as manhas em caso de atolagem.Aconteceu umas duas vezes com a gente mas, com a habilidade do @indiojalapao, não durou segundos.
Encontrei dois casais que viajavam por conta. Na verdade, ambos tinham o costume de fazer viagens off road.
Nas estradas não tem nenhum ponto de apoio ou suporte. Nenhum. Zero.
Pensei nas pessoas que moram nas bases, principalmente, Mateiros e São Félix do Tocantins, da dificuldade de deslocamento em caso de emergência.
Enfim, esse é o Brasil de verdade.
E vc? Arriscaria?
Serras Gerais e Jalapão
Demorou um tempo para entender onde estava o que ou melhor, onde um começava e o outro terminava, me refiro às Serras Gerais e ao Jalapão.
Tudo ficou resolvido quando fiz o óbvio: olhar no mapa.
A Lagoa do Japonês e o Cânion Encantado, com Cachoeira da Capivara e do Portal, ficam nas Serras Gerais mas a base ( Ponte Alta de Tocantins) para esses lugares está no Jalapão, quase na divisa.
Saímos cedo de Ponte Alta para fazer o trekking para as cachus e o cânion.
Para a Cachoeira da Capivara e do Portal são 6 km ( ida e volta). Tem um trecho hard de descida ( e subida na volta, claro).
O horário não ajudou ( começamos às 10 hs)- terminamos, eu + Bodo ( guia trilheiro porreta com curriculum nível Vale do Pati ) perto das 13 hs .
Fervedouros do Jalapão e a Cachoeira do Formiga
Estúdios ao ar livre da imensa maioria das fotografadas e fotografados- aquela fotinho clichê descendo ou subindo as escadas, sabe? Eu mesma, quero dizer o @indiojalapao, tirou várias.
Os fervedouros foram os locais de conversa e interação (até de terapia em grupo ), mas, em alguns, só interagi mesmo com os peixinhos 🐟🐟🐟.
A Cachoeira do Formiga foi a primeira cachu de água azul transparente e (quase) morna que conheci.
A Cachoeira da Formiga está localizada a cerca de 30 quilômetros da cidade de Mateiros dentro do Parque Estadual do Jalapão em Tocantins.
Sobre o que não pode faltar na sua bagagem:
- camisetas de manga longa com proteção UV, no mínimo umas três
- tênis, sapatilhas para andar na água e chinelo
- toalha de secagem rápida
- bermuda, shorts, legging curta e calça para trilhas (se for fazer o Canyon Encantado)
- camisetas de manga curta (dryfit)
- protetor solar e repelente
- agasalho leve (em Taquarussu e ponte Alta fez friozinho à noite)
Por último, esclarecendo…
Esse post foi construído com notas que fiz durante a viagem, por isso “recortes”. Minha intenção foi deixar minhas impressões registradas, muito mais que informações ou dicas.
E você? Já esteve no Jalapão? O que achou?